quarta-feira, 12 de junho de 2013


A minha mudança para a Ericeira trouxe-me tanta coisa boa. Uma casa mais espaçosa, um terraço para beber uns copos, um parquinho mesmo à frente de casa para o meu filho descarregar energia, uma distancia a pé da praia ainda mais curta, o cheiro a maresia, a possibilidade de ver o mar enquanto janto na minha sala... mas trouxe-me também a possibilidade de fazer uma coisa que quero desde garota. Pois bem, enquanto as outras meninas sonhavam em ser princesas, bailarinas e fadas eu cá sonhava em ser carpinteira. Mas este sonho não veio do nada, não veio não senhor. Como filha mais nova e encomendada já fora de época que sou, seguia o meu Pai para todo o lado. Almoços com os seus clientes e amigos e idas ao Daiquiri. Sendo ele um workaholic a sua vida social era reduzida. Mas o que eu mais gostava era quando ele se punha na garagem a fazer e restaurar móveis. Ai o que eu gostava. Tinha a sua mesa de trabalho, daquelas de carpinteiro à séria (o meu sonho de consumo até hoje), e as suas ferramentas todas penduradas. Uma verdadeira obra de arte. Ora, eu como boa menina do Pai passava lá horas com ele a vê-lo trabalhar. Quando tinha sorte ele dava-me uma tábua que já não tinha propósito para pregar uns pregos. Ai o que eu gostava de pregar pregos naquelas tábuas. E com martelos verdadeiros, não como o do Manny Mãozinhas que o meu filho tem. Mesmo depois de crescida e já com canudo na mão (como ele tanto queria), trabalho e mãe de filho, este sonho nunca me abandonou. Nem o sonho nem a imagem do meu pai a fazer e restaurar móveis na sua mesa de carpinteiro. Quando me mudei para a Ericeira cismei que era desta. Ainda não tenho uma mesa de carpinteiro à séria mas já está na lista do Pai Natal. Fui às lojas da especialidade e vim de lá cheia de sacos e com a carteira muito mais leve. Ela foi tintas, primários, máquinas lixadeiras, lixadeiras manuais, pregos, parafusos, tudo o que tinha direito para me iniciar na arte. Comecei pelo restauro, há que sonhar alto mas há também que saber que se deve aprender a arte da carpintaria com projectos mais pequenos. E com um sofá de pallets para o terraço abri as hostilidades. Ficou bonito. O meu mestre teria ficado orgulhoso. Acho que até gostaria de beber o seu whisky de malte lá sentado.

2 comentários:

  1. Tens todo o meu apoio. Quando fores uma artista de renome não te esqueças de assinar as tuas obras como 3is.

    Assinado: um dos 3is

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  2. gostei de ler isto...sou adepta da realizacão de sonhos de toda a especie....passo a passo chegas la...Dina Guibá

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