sexta-feira, 13 de setembro de 2013



Todas as pessoas apaixonadas acham que a sua história de amor é a mais bonita e digna de um filme. Lamento informar-vos, mas a minha é que é. 

Conheci o Rui há 15 anos. Vi-o pela primeira vez no Sítio da Várzea, meio sentado naquela espécie de banco que havia do lado esquerdo da pista. De copo na mão e com uma camisa aos quadrados arregaçada nas mangas. Tão giro. Não falei com ele nessa noite, mas disse-lhe tanta coisa. Disse-lhe tudo o que os Cheap Trick dizem no i want you to want me, e ele disse-me o mesmo a mim. Só voltei a vê-lo no fim desse verão, no mesmo Sítio. Quem me conheceu na adolescência sabe bem que era tudo menos bem comportada, enchi-me de coragem e de umas vodkas morango com sumo de limão e fui falar com ele. Desde aí nunca parámos de conversar. Mas eu tinha 14 anos e ele tinha 23, mesmo com toda a artilharia que usava nas saídas à noite para parecer mais velha, eu tinha 14 anos. Nunca lhe menti na minha idade mas também só lhe disse quando ele me perguntou. Depois disso ainda falámos algumas vezes. Acredito que tenha sido assustador para ele, mas eu era a miúda que tinha conquistado o gajo mais giro das Caldas com quem todas as amigas da minha irmã mais velha queriam namorar. Fiquei com um ego gigante. 

Fomo-nos encontrando de tempo a tempo por casualidades da vida que fazia questão de nos juntar. Ficámos amigos, amigos mesmo. O Rui sempre ouviu os meus mais diversos desabafos e nunca me julgou nem uma única vez, acho que até achava graça à minha maneira diferente de vestir e irreverente de ser. Sempre adorei as nossas conversas, adoro-as até hoje. 

Mais uma vez uma casualidade da vida voltou a juntar-nos no tempo e no espaço. Mas desta vez ele tinha 33 anos e eu já tinha 23. Já não precisava de artilharia para parecer mais velha, até porque ele parecia que tinha 23. Durante uma fase complicada da vida de cada um de nós fomos confidentes um do outro. E ele voltou a não me julgar, aliás, ele foi o único que não me julgou. As nossas conversas eram intermináveis e podiam passar de choro a riso no mesmo segundo. Estávamos a apaixonar-nos outra vez. Eu não queria acreditar, e ele também não. Chegámos à conclusão idiota de que não estávamos apaixonados, o que sentiamos era apenas fruto da nossa fragilidade. Que idiotas. Afastámo-nos por um tempo. Mas o tempo estava a nosso favor desta vez. Lutámos contra o que sentiamos e depois lutámos pelo que sentiamos. Lutámos contra tudo e contra todos. Todos achavam que não ia durar. Isto de ser uma adolescente rebelde numa terra pequena onde toda a gente sabe o que fazemos pode ter as suas repercussões. Eu era a menina bonita, mas não servia para casar. Agarrámo-nos um ao outro e foram poucas as pessoas que se agarraram a nós, foram poucas mas agarraram-nos com muita força. Desta vez não havia nada que nos pudesse separar. Nem a idade, nem as pessoas. 

Eu tinha 24 anos e ele 34 feitos há 2 dias. Casámos na praia e de chinelos com todos os nossos queridos, os que nos agarram e os que nem por isso. Foi um casamento digno do fim de uma comédia romântica, daqueles filmes que quando acabam estamos a chorar e a sorrir ao mesmo tempo. Desde então já vivemos em 3 casas diferentes em 3 cidades diferentes. Já fomos a 3 continentes diferentes e a muitas cidades diferentes. Mas a nossa paixão está igual.  

Eu tenho 29 anos e ele 39 feitos há 2 dias. Somos felizes, ao contrário de todas as previsões. Felizes e apaixonados. Ainda temos conversas intermináveis e ainda somos confidentes um do outro. Temos o filho mais lindo do mundo. Um menino que é o fruto da nossa história. Um menino que nos enche de orgulho cada vez que canta as músicas dos Ramones no seu inglês com sotaque escocês. Temos um novo bebé, mas desta vez de quatro patas. Um bebé que nos segue para todo o lado e quando paramos se deita nos nossos pés. Somos uma família. Somos uma família que começou no verão de 1998, no Sítio da Várzea, na primeira vez que vi o Rui.



  

1 comentário:

  1. Gosto de histórias de amor. Destas, das verdadeiras.

    http://noz-moscada.blogs.sapo.pt

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